À frente do seu tempo
Renato Giusti
O Brasil vem passando por grandes transformações nas últimas duas décadas. Com a estabilidade econômica e política, o país recuperou a credibilidade internacional, conquistou o título de grau de investimento pelas agências de avaliação, botou de pé um plano de crescimento de longo prazo, e cada vez mais tem recebido investimentos estrangeiros. Além disso, vai sediar grandes eventos que não só aumentam a exposição do Brasil, mas abrem novas oportunidades de investimento, principalmente em infraestrutura.
Com o novo status conquistado, o país transformou-se em um canteiro de obras: estradas, aeroportos, complexos esportivos, centros comerciais, hospitais, escolas, obras de saneamento, ruas, praças, centros de lazer e a sonhada casa própria para milhares de famílias brasileiras.
Nesse contexto, a indústria brasileira do cimento tem importante papel a desempenhar, no sentido de oferecer suporte necessário para a melhoria da infraestrutura e, consequentemente, para o crescimento sustentável do país. Em um país tradicionalmente construído em concreto, a indústria fez expressivos investimentos, como amplamente divulgado, se preparando para atender às novas demandas.
Mas o aumento da capacidade de produção não é a única prioridade do setor. A indústria brasileira de cimento é reconhecida internacionalmente por seu excelente desempenho energético e ambiental e pela reduzida emissão de gases de efeito estufa. Essa posição é fruto de um grande esforço das empresas que realizam, há anos, ações para reduzir emissões, contribuindo no combate às mudanças climáticas, levando a nossa indústria a ser reconhecida mundialmente como a mais ecoeficiente.
Somente em 2010, a indústria brasileira de cimento, com apoio técnico da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), destruiu em seus fornos cerca de 1 milhão de toneladas de resíduos, por meio da tecnologia de coprocessamento. Desse total, mais de 50% dos resíduos tinham poder calorífico e foram aproveitados como combustível, além de preservarem as reservas de combustíveis fósseis.
Outro front do setor é investir em novos processos construtivos à base de cimento, sistemas industrializados capazes de aumentar a eficiência, a rapidez nas construções, a redução de custos e, sobretudo, a sustentabilidade das edificações. Um exemplo foi o sistema industrializado adotado em São Luiz do Paraitinga, cidade histórica a 178 km de São Paulo que foi atingida por uma forte enchente em 2010. Lá adotou-se o sistema de Concreto PVC – paredes monolíticas formadas por perfis leves de PVC, que possibilitam um encaixe simples e rápido dos módulos, preenchidos com concreto e aço estrutural. Essa solução permitiu a entrega de mais de 150 casas em menos de seis meses. Outro exemplo é a transferência da tecnologia dos pavimentos de concreto para as obras como a duplicação da BR 101 NE, no Rio Grande do Norte, e do Rodoanel, em São Paulo.
Em todas essas conquistas históricas, a participação da Associação Brasileira de Cimento Portland, que completa 75 anos em 2011, foi fundamental. Desde sua criação, a Associação trabalhou para melhorar a qualidade do cimento, do concreto, dos processos produtivos e construtivos, bem como para transferir constantemente as tecnologias, ampliando assim o conhecimento, por meio de cursos, palestras, eventos, feiras etc. Isto é, capacitar faz parte do DNA da ABCP.
Sempre em parceria com a indústria e instituições diversas, a ABCP mantém um laboratório de ensaios completo e moderno que presta serviços ao setor cimenteiro, à indústria coligada de materiais de construção e aos consumidores. Além disso elabora pesquisas e projetos e mantém uma equipe de profissionais – arquitetos, engenheiros, geólogos e químicos, entre outros – à disposição do mercado para consultoria e suporte a grandes obras da engenharia brasileira. Por isso somos reconhecidos nacional e internacionalmente pela excelência de nossos serviços, o que nos leva a ganhar prêmios, tornando-nos benchmarking de outros setores.
Não menos importante tem sido, ao longo de décadas, a contribuição da ABCP para a elaboração de normas técnicas brasileiras no que se refere ao cimento e concreto, a começar por sermos um dos fundadores da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Somos uma entidade de excelência que merece ser conhecida e copiada, criada para promover o uso do cimento.
Afinal é edificante e prazeroso cuidar com dedicação e rigor do aperfeiçoamento do mercado da construção civil, da melhoria da qualidade de vida da população e do desenvolvimento do Brasil.
E tudo isso sempre em parceria com toda a cadeia da construção, porque ninguém faz nada sozinho.
Por tudo isso, é difícil esconder o orgulho que nos invade e envaidece, e essa postura de compromisso com o desenvolvimento do nosso abençoado país, o tempo não modificará nos próximos 75 anos que virão.
*Renato Giusti é engenheiro e presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)