Cimento mantém queda de vendas no ano
A instabilidade da economia brasileira marcada por um prolongado cenário de juros elevados, mesmo com o anúncio da redução da taxa Selic pelo Banco Central em agosto, somada ao alto endividamento das famílias e queda dos lançamentos imobiliários, seguem travando o crescimento da atividade cimenteira.
Em julho, as vendas do produto registraram queda de 0,7% em relação ao mesmo mês de 2022, atingindo 5,5 milhões de toneladas comercializadas – e no acumulado do ano, janeiro a julho, o recuo foi de 1,8%, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Ao se analisar o despacho do insumo por dia útil nota-se uma retração de 0,5% sobre o mesmo mês do ano passado, ou seja, comercialização de 233 mil toneladas por dia em julho de 2023.
O setor segue afetado por fatores domésticos relevantes que ainda impactam em sua recuperação. A dificuldade no acesso ao crédito em meio a taxa de juros elevada e a morosidade com relação às regulamentações do Minha Casa Minha Vida impediu uma melhor evolução do número de unidades financiadas e de lançamentos imobiliários1.
Apesar disso, a confiança do consumidor² subiu em julho pelo terceiro mês consecutivo, atingindo o maior nível desde janeiro de 2019. O arrefecimento da inflação, a recuperação da renda e as expectativas do início do programa para renegociar dívidas – Desenrola – refletiram no resultado. Entretanto, o alto endividamento e inadimplência ainda são obstáculos para uma confiança mais robusta.
O indicador de confiança da construção3 segue otimista influenciado pelas novas regras do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Houve uma percepção positiva em relação à demanda no setor e consequentemente aumento na tendência de contratação de novos funcionários. No entanto, o indicador ainda não atingiu o patamar da neutralidade. Um dos pontos de dificuldade para uma melhora continuada da confiança é o acesso ao crédito.
Apesar do cenário econômico ainda incerto, as perspectivas do setor para os próximos meses são positivas. A aprovação do arcabouço fiscal, a tramitação da Reforma Tributária no Senado, a retomada de obras paradas e de infraestrutura, além do início do ciclo de redução da taxa de juros, são fatores que trazem maior segurança e previsibilidade ao setor, e consequentemente para a economia em 2023.