Coesão do setor para agir de forma estrutural
Presidente da ABCP/SNIC defende organização setorial para cenário pós pandemia
A coesão da cadeia produtiva da construção e a defesa de uma pauta conjunta, que valorize seu papel econômico e social, foram defendidas nesta quinta-feira, 21/05, pelo presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e presidente-executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Paulo Camillo Penna. O posicionamento ocorreu durante a live “Ações da Construção Civil em Momento Desafiador”, promovida pela Associação Nacional dos Materiais de Construção (Anamaco), que teve participação do seu superintendente, Waldir Abreu, do presidente da Anamaco, Geraldo Defalco, e do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
Na sua explanação, Paulo Camillo lembrou do papel da indústria do cimento no desenvolvimento do país e do período virtuoso entre 2004 e 2014, para contrapor que a atual crise não se iniciou na pandemia de Covid-19, mas nos últimos seis anos. “Já havia uma situação dramática a partir de 2014-2015, quando a indústria do cimento passou a enfrentar 47% de capacidade ociosa e perda superior a 30% do canal de vendas, entre outras adversidades”. Por isso, disse o presidente da ABCP/SNIC, “é preciso que o setor, muitas vezes chamado a reagir a uma situação conjuntural adversa, esteja unido para agir e fazer prevalecer suas posições em uma situação estrutural, que é a maneira adequada de trabalhar”.
Para presidente da CBIC, José Carlos Martins, é importante que a cadeia produtiva tenha uma pauta de interesse comum para ampliar, melhorar e dar maior visibilidade ao mercado; mudar a cultura sobre a importância da casa própria, e defender que a retomada da economia no país seja via investimento e não consumo de bens. “O bem principal da família é a sua casa”, apontou Martins, ao mencionar que, em alguns casos, a pandemia mostrou que ela precisa ser maior e precisa de reforma. “Não podemos perder essa oportunidade. Quanto mais aumentarmos o estoque de casas, mais temos o que fazer dentro delas”, frisou.
Nova ordem
A valorização da moradia, em especial a reforma, já baseou iniciativas relativamente recentes do setor. Em 2010, a ABCP e a Anamaco protagonizaram um programa nessa área, o Clube da Reforma, baseado em uma pesquisa que mostrava a existência de 56 milhões de residências no Brasil e a necessidade de reforma em 77% desses domicílios. No entanto, o programa foi descontinuado. “Houve uma falta de percepção e de cuidado do setor, uma vez que o gasto com materiais de construção foi perdendo espaço para bens de consumo nas despesas familiares”, disse Paulo Camillo. Segundo ele, a casa, antes percebida como abrigo, após a pandemia será percebida como local de trabalho, de lazer. Por isso, é preciso oferecer assistência técnica, crédito, qualificação da mão de obra e sobretudo trabalhar bem a comunicação.
A valorização da habitação é apenas uma das frentes de contribuição do setor à recuperação econômica. O presidente da ABCP destacou a iniciativa da indústria de apresentar soluções para cidades, contribuindo para sanar problemas crônicos como calçadas esburacadas, enchentes, desvalorização de moradias e pavimentos urbanos inadequados. “Essas são as soluções que efetivamente precisamos atacar”, disse.
“Precisamos de um senso comum para defender o nosso business, que é melhorar a vida das pessoas, fazer casas, calçadas, viadutos, o que é bom para todo mundo”, destacou Martins, apoiado por Paulo Camillo e Geraldo Defalco. “Na medida em que o setor cresce, ele precisa contratar gente”, completou Waldir Abreu, apontando que “o caminho está em colocar a construção em marcha para trabalhar, porque gente contratada reforma casa”.
Veja a íntegra da live no canal da Anamaco no Youtube.