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28/12/2015IMPRENSA, Noticias, São Paulo

Concreto armado em pauta

Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Foto: Carlos Renato Fernandes

 

Concreto armado é um material que se tornou um dos mais importantes elementos da construção civil no nosso país e da nossa arquitetura.

O que seria de Oscar Niemeyer sem o concreto armado?

Esse sistema é usado nas estruturas dos edifícios e diferencia-se do concreto devido ao fato de receber barras de aço, chamadas de armadura, responsável por resistir aos esforços de tração, flexão e torção, dado que o concreto em si resiste muito bem aos esforços de compressão.

Para saber mais sobre o concreto armado o especialista em concreto da ABCP, engenheiro Rubens Curti, preparou um material especial sobre o tema e uma entrevista que vai tirar suas dúvidas.

O concreto é uma mistura compacta de:

  • Agregados graúdos: pedras britadas, seixos rolados etc.
  • Agregado miúdo: areia natural ou artificial
  • Aglomerante: cimento
  • Água
  • Adições minerais: sílica ativa, metacaulim, cinza de casca de arroz etc.
  • Aditivos: plastificantes, superplastificantes, incorporadores de ar, impermeabilizantes, aceleradores, retardadores
  • Outros: fibras de aço ou polipropileno, pigmentos etc.

 

Para obtenção de um bom concreto, de acordo com sua finalidade, devem ser efetuadas com perfeição as operações básicas de produção do material no estado plástico, que influenciam nas propriedades do concreto endurecido.

As operações básicas de produção do concreto são:

  1. Escolha mais adequada das matérias-primas (cimento, agregados miúdos e graúdos, aditivos), e que atendam ao que especificam as normas da ABNT;
  2. Dosagem: estudo empírico ou não que indica as proporções e quantificações dos materiais componentes da mistura, a fim de obter um concreto com determinadas características físico-mecânicas previamente estabelecidas;
  3. Mistura: dar homogeneidade ao concreto, isto é, fazer com que ele apresente o mesmo proporcionamento em qualquer ponto de sua massa sem segregação dos materiais constituintes;
  4. Transporte: levar o concreto do ponto onde foi preparado ao local onde será aplicado. O concreto pode ser preparado dentro da obra ou adquirido de uma central de concreto, isto é, usina dosadora.
  5. Lançamento do concreto nas formas (concretagem): a colocação do concreto no local de aplicação – em geral, nas formas – tem que ocorrer num intervalo máximo de 3 horas, pois a partir daí ocorre perda da plasticidade e consequentemente o enrijecimento da pasta, pela hidratação do cimento com a água, dependendo da quantidade, do tipo de cimento, da utilização ou não de aditivos  e das condições climáticas;
  6. Adensamento: espalhamento e adensamento do concreto, procurando eliminar o ar aprisionado, além de preencher totalmente as formas, o que auxilia em um ganho de resistência. Usa-se vibrar o concreto com vibradores mecânicos de imersão, devendo-se evitar: o excesso ou a pouca vibração e também vibrar a ferragem, pois isso pode provocar a perda de aderência entre o concreto e o aço;
  7. Cura: conjunto de medidas com o objetivo de evitar a perda rápida de água (evaporação) pelo concreto nos primeiros 7 dias, água esta necessária para a reação de hidratação do cimento. Existem diversas formas para uma cura adequada do concreto, seja ela úmida, química ou com uso de material impermeabilizante, todas dificultando a perda de água. A cura inadequada pode ocasionar fissuras de retração plástica, gerando maior permeabilidade e porosidade ao concreto, e consequentemente uma menor durabilidade. Normalmente a resistência de projeto deve ser atingida após 28 dias da aplicação, quando não houver informação contrária pelo projetista.

A armadura deve ser dimensionada por um engenheiro projetista. Ela é composta de barras (vergalhões) longitudinais, transversais e estribos, normalmente com os diâmetros de 6, 8, 10, 12, 16, 20, 25, 32 e, extraordinariamente, 40 ou 50 mm em aço, que vão absorver os esforços de tração, contribuindo por isso também para a resistência a esforços de flexão. Os estribos conferem a resistência à torção e ao esforço transversal (ou cortante). A resistência à torção também é absorvida pela armadura longitudinal.

 

PERGUNTAS FREQUENTES

 

1. O pedreiro precisa ter algum curso de especialização para trabalhar com concreto armado?

Normalmente, na obra o pedreiro trabalha somente com o concreto. Se além de trabalhar com o concreto o pedreiro quiser executar uma obra (de pequeno porte), é conveniente que ele participe de treinamentos específicos (mestre de obra).

 

2. Como é feita a montagem da forma a das ferragens? Existe alguma técnica específica?

Os cursos específicos de mestre de obra orientam como devem ser montadas as formas e colocadas as armaduras dentro delas. Se houver um projeto da obra, é lá que é especificada as quantidades, dimensões e posições das barras de aço dentro das formas.

 

3.  Quais os cuidados que se deve ter e quais são os pontos críticos ao se trabalhar com o concreto armado?

Quando da colocação do concreto dentro das formas, já com as ferragens, é importante observar o posicionamento das barras de aço, evitando que elas fiquem encostadas nas formas. Se isso ocorrer, as barras ficarão expostas após a desforma, o que pode acarretar a oxidação das barras e a consequente diminuição da durabilidade da estrutura. Para afastar corretamente as barras de aço das formas usam-se espaçadores.

 

4. As formas podem ser reaproveitadas? Qual é a vantagem e a desvantagem disso?

As formas podem ser tábuas de madeira ou chapas de madeira compensada reforçada com sarrafos ou ainda com chapas metálicas. Elas recebem primeiro a armadura e posteriormente o concreto. É importante um bom escoramento para evitar movimentação antes de o concreto obter resistência. As formas podem e devem ser reaproveitadas.

 

5. Existe algum tipo de cuidado quanto ao concreto utilizado?

A dosagem do concreto deve ser feita conforme a resistência que o concreto vai suportar. O concreto, no estado fresco, é um produto perecível que, com o decorrer do tempo, perde as suas características iniciais, ou seja, ele vai enrijecendo (perdendo a plasticidade). O concreto no estado endurecido deve receber os cuidados em função do meio ambiente onde ele foi executado. A norma da ABNT NBR 6118 estabelece as classes de agressividade (são quatro) as quais o concreto poderá ficar exposto durante sua vida útil, e consequentemente as características de durabilidade que o concreto deve ter (relação água/cimento, consumo de cimento, resistência característica – fck – cobrimento das armaduras, tipo de cimento etc.).

Engenheiro Rubens Curti, especialista em concreto da ABCP

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