Custo Brasil é destaque no encontro entre setor produtivo e Bolsonaro
A Coalizão Indústria, integrada por 15 entidades do setor, reuniu-se nesta quinta-feira (07/05/20), no Palácio do Planalto, com o presidente da República, Jair Bolsonaro, para apresentar a situação das diferentes atividades produtivas em função da crise estabelecida pela pandemia do Covid-19 e as ações que estão sendo empreendidas pela indústria nacional no enfrentamento desta situação. Além disso, o encontro colocou em pauta as preocupações do empresariado com a baixa competitividade do Brasil em relação a outros países, o chamado Custo Brasil, que se tornou o ponto alto da reunião.
O trabalho conduzido pelo Governo Federal quantifica o Custo Brasil e aponta suas variadas facetas em relação aos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo foi idealizado pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, SEPEC/ME, e contou com o patrocínio e a participação da Coalizão Indústria, em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC) e com o Boston Consulting Group-BCG. “O Custo Brasil, já de longa data, tem sido apontado com um dos maiores entraves na competitividade e no desenvolvimento do país, sem, contudo, jamais ter sido quantificado. Sabemos que quem não mede, não administra, não gerencia”, pontuou o presidente da ABCP e do SNIC, Paulo Camillo Penna, um dos representantes da indústria no encontro, a quem coube abordar o tema Custo Brasil.
O Custo Brasil em números
O documento apresentado pode ser sintetizado em 12 elementos dispostos em uma mandala que compara a performance do Brasil com o desempenho da média dos países que integram a OCDE. Como resultante, temos um Custo Brasil medido de 1 trilhão e 500 bilhões de reais por ano, ou 22% do PIB, que são drenados da nossa economia com severos impactos sociais. A partir dessa quantificação foi criada uma ferramenta na internet, coordenada pela SEPEC, onde o setor produtivo está apresentando soluções que reduzem o Custo Brasil. Mas para o sucesso deste objetivo é imprescindível a integral adesão do Governo à iniciativa.
Exemplos
A área de infraestrutura, por exemplo, demanda um custo anual entre 190 e 230 bilhões de reais, devido a elevados custos e baixa qualidade logística, insuficiente infraestrutura de telecomunicações e saneamento e limitações em mobilidade urbana. Em contrapartida, esses custos poderiam ser reduzidos por tecnologias mais apropriadas e duradouras, como o pavimento do concreto, solução de maior qualidade, durabilidade e adequação. Na reunião, o presidente da ABCP/SNIC apresentou solução também na área de gás e energia elétrica, com a utilização do coprocessamento de resíduos pela indústria do cimento, tecnologia que traz ao país redução de custos econômicos e ambientais.
Preparativos para a retomada
No encontro dos empresários com o governo discutiram-se também as perspectivas para a retomada das atividades após a crise ser vencida, com foco em construção civil, infraestrutura e edificações, exportações e valorização do produto nacional.
Participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, da Economia, Paulo Guedes, da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e da Infraestrutura, Tarcisio de Oliveira, além do secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (SEPEC) do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa. Em seguida, os representantes da Coalizão Indústria participaram de reunião, a convite do presidente Bolsonaro, entre ele e seus ministros, com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Tóffoli, a quem foram apresentadas as preocupações do setor industrial com a retomada das atividades e a manutenção dos empregos. A segunda agenda se deu na sede do STF.
Fruto do encontro, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o Decreto nº 10.342 nesta data, 07 de maio de 2020, em substituição ao de nº 10.282, de 20 de março, que define os serviços públicos e as atividades essenciais, nele incluindo as atividades de construção civil, assim como as atividades industriais, obedecidas as determinações do Ministério da Saúde.
Sobre a Coalizão Indústria
A Coalizão Indústria foi organizada antes das eleições presidenciais de 2018 para discutir os assuntos relevantes para a indústria nacional. Ela reúne representantes de 15 setores produtivos, que juntos equivalem a 45% do Produto Interno Bruto da indústria brasileira (R$ 485 bilhões); 65% das exportações manufatureiras (R$ 167 bilhões); 30 milhões de empregos diretos e indiretos; e contribuem com R$ 250 bilhões em pagamento de impostos.
Integram a coalizão:
- Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA)
- Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (ABRINQ)
- Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS)
- Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (INTERFARMA)
- Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB)
- Associação Brasileira Indústria Elétrica Eletrônica (ABINEE)
- Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ)
- Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST)
- Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM)
- Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT)
- Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
- Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (ELETROS)
- Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
- Instituto Aço Brasil
- Grupo FarmaBrasil (FARMABRASIL)
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