Indústria de cimento prevê crescimento de 2% em 2024
Depois de dois anos consecutivos de queda, a indústria brasileira do cimento espera crescer até 2% em 2024, em parte devido aos avanços em projetos de infraestrutura, já sinalizados pelo governo, e ao desenvolvimento urbano, principalmente nas áreas de habitação e saneamento.
Com referência ao setor habitacional, o sistema construtivo Paredes de Concreto é uma solução para programas como o Minha Casa, Minha Vida, por trazer como benefícios, além da qualidade, a padronização e a velocidade de construção – três vezes mais ágil do que o sistema convencional, permitindo às construtoras utilizarem a tecnologia em empreendimentos com prazos apertados e alta repetitividade.
Em relação aos investimentos em infraestrutura, especialmente no sistema viário, o setor vê o uso crescente de concreto, uma vez que alguns governos estaduais têm incrementado o uso do pavimento rígido em estradas e avenidas.
No que tange à aplicação e uso de soluções para as cidades, a indústria do cimento segue apoiando os municípios brasileiros com sistemas construtivos que atendam às necessidades locais por infraestrutura e tragam melhorias para a mobilidade urbana, saneamento, espaços públicos e habitação.
O Hub de Inovação e Construção Digital (hubIC), uma parceria da indústria do cimento com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), está focado no desenvolvimento de projetos de cimentos, concretos e sistemas construtivos mais eficientes e de menor pegada ambiental. Uma das inovações é o uso de uma impressora 3D utilizando concreto para construir cômodos ou até mesmo casas e prédios inteiros. O próximo desafio está marcado para março, com a entrega de uma cozinha completa de concreto.
A perspectiva para 2024 é positiva. O crescimento da massa salarial e o aumento do crédito proveniente do início da flexibilização monetária e de programas como o “Desenrola” e o Marco Legal das Garantias de Empréstimos podem impulsionar a atividade. A inflação está cedendo e apresenta viés de baixa, permitindo ao Banco Central manter as reduções da taxa de juros.
Os preços das commodities pararam de subir, embora permaneçam altos, e podem estimular a atividade econômica, além de melhorar a arrecadação do governo sem pressionar a inflação.
O setor de saneamento prevê a retomada das concessões e a expectativa é de investimentos de R$ 27 bilhões em 2024. Já no setor habitacional, caso se confirme a previsão de o programa MCMV entregar mais de 500 mil unidades no ano, a demanda por cimento seria da ordem de 2,5 milhões de toneladas.
As projeções do SNIC apontam, portanto, para um incremento no consumo de cimento, desde que se efetivem programas com ênfase na habitação, saneamento e logística, entre outros, recuperando parte das perdas acumuladas pelo setor nos dois últimos anos.