Indústria do cimento: importância da produção sustentável
“Responsabilidade ambiental é premissa.”
Paulo Camillo Penna, Presidente da ABCP e do SNIC
Entre os dias 5 e 9 de junho, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu a Semana Mundial do Meio Ambiente. Celebrada desde 1974, a data foi criada com o objetivo de reforçar a importância da responsabilidade e do compromisso ambiental, a fim de alertar e conscientizar a sociedade, governantes e empresas sobre o tema. Assim, a primeira semana do mês de junho é reservada para essa comemoração. No Brasil, a celebração foi criada pelo Decreto nº 86.028, de 27/05/81, complementando o Dia do Meio Ambiente, 5 de junho (instituído pela ONU), com vistas a promover a participação da sociedade na discussão de temas que tratem da preservação do patrimônio natural do Brasil.
A indústria brasileira do cimento celebra a Semana do Meio Ambiente com a certeza de que tem um longo histórico de contribuições aos esforços em defesa do nosso meio natural.
Muito antes destes últimos 40 anos decorridos desde 1981 em que a data é comemorada, a indústria nacional já havia iniciado seus esforços para reduzir, na produção do cimento, a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Para isso, começou a substituir parte do coque de petróleo usado como combustível na geração de energia por resíduos sólidos, método conhecido como coprocessamento. Hoje, cerca de 17% da energia utilizada pela indústria nacional provêm dos resíduos coprocessados e a projeção é chegar a 55% até 2050.
Essa perspectiva decorre do Roadmap Tecnológico do Cimento, iniciativa feita em colaboração com a Agência Internacional de Energia (IEA), o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), a Corporação Financeira Internacional (IFC) – membro do Banco Mundial – e um seleto grupo de acadêmicos de renomadas universidades e centros de pesquisa do país.
Além de identificar barreiras e gargalos que limitam a adoção de políticas públicas, regulações, aspectos normativos, entre outros, capazes de potencializar a redução das emissões, o estudo reforça o compromisso da indústria do cimento em reduzir em mais de 30% do total de emissões de CO2 até 2050 – evitando assim lançar 420 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera -, e substituir 55% do combustível fóssil, fomentando a reciclagem, a vida útil dos aterros sanitários e a erradicação dos lixões, gerando renda e qualidade de vida.
Globalmente, a produção de cimento responde por cerca de 7% de todo o CO2 equivalente emitido pela ação humana. Mas no Brasil a participação do setor nas emissões nacionais é de apenas 2,3%, cerca de um terço da média mundial. Ou seja, a indústria brasileira do cimento apresenta um dos menores índices de emissão específica de CO2 no mundo, graças a ações mitigadoras que vêm sendo implementadas pelo setor há décadas.
Segundo a Associação Global de Cimento e Concreto (GCCA, sigla em inglês), a indústria brasileira registra – desde 1990 até os dias atuais – um dos menores níveis mundiais de emissão de CO2 por tonelada de cimento produzido (1). E tal fator está diretamente ligado ao compromisso do setor com a implementação de práticas alinhadas ao desenvolvimento sustentável, a partir da utilização de combustíveis alternativos e da preocupação com a emissão de gás carbônico.
Um exemplo é a atividade do coprocessamento de resíduos, que corresponde ao uso de resíduos como combustíveis dos fornos de cimento e é, sem dúvida, um grande aliado do meio ambiente, motivo pelo qual a legislação nacional referente a ele foi atualizada recentemente (Resolução Conama 499). Além de permitir a redução da emissão de CO2, o coprocessamento colabora para o reaproveitamento de detritos que iriam para os lixões e aterros sanitários e está alinhado com as propostas da economia circular.
O esforço de redução das emissões no setor se deve a três fatores, principalmente: uso de matérias-primas alternativas ao clínquer (chamadas de adições), como escórias siderúrgicas, cinzas de termoelétricas e pó de calcário; uso de combustíveis alternativos, como biomassas e resíduos; e medidas de eficiência energética, ao investir em linhas e equipamentos de menor consumo térmico e elétrico. Essas medidas foram responsáveis pela redução de 18% na intensidade de carbono do setor de 1990 a 2019, enquanto a produção de cimento cresceu cerca de 220%.
Além disso, o setor considera que políticas públicas que regulamentem e prezem pela atividade sustentável são fundamentais, sobretudo quando a pauta é a mudança climática. “Antes de pensarmos em medidas de precificação do carbono, é necessário estabelecer políticas que reconheçam os esforços e progressos já alcançados. Responsabilidade ambiental é premissa. Não é à toa que nossa indústria se destaca como um dos setores que menos polui no mundo”, afirma Paulo Camillo, presidente da ABCP e do SNIC.
Ele também destaca a importância das práticas alinhadas à preservação e conservação do meio ambiente. “Medidas que prezam pela responsabilidade e compromisso com o meio ambiente retomam práticas da economia circular, concepção de funcionamento econômico que parte do princípio do desenvolvimento sustentável. Além disso, a reformulação de metas, alinhadas ao Acordo de Paris, reforça a preocupação e o engajamento da indústria do cimento com a causa ambiental”, conclui.