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29/10/2019IMPRENSA, Norte/Nordeste, Noticias

Óleo de praias será coprocessado pela indústria de cimento

No Ceará, o óleo que tem provocado estragos no litoral será reaproveitado como combustível alternativo

Reportagem divulgada nesta segunda-feira, 28/10 (2019), pelo Jornal Nacional, da Globo, informa que todo o óleo cru que contaminou inúmeras praias do Ceará será aproveitado como combustível alternativo (coprocessado) em uma fábrica de cimento (Cimento Apodi), associada da ABCP, situada em Quixeré-CE. O material altamente poluente retirado até agora soma 4 toneladas. A contaminação das praias atinge dezenas de localidades não só do Ceará mas de grande parte do litoral nordestino, sendo considerada o maior desastre ambiental em território brasileiro.

A ABCP, entidade técnica que representa 10 grupos responsáveis por 80% do cimento produzido no Brasil, já havia confirmado a possibilidade de recebimento do óleo recolhido no litoral nordestino pela indústria do cimento e havia feito a intermediação da indústria com a Marinha do Brasil, Ibama e Agência Nacional do Petróleo (ANP), para se colocar como potencial alternativa para uma destinação ambientalmente adequada do óleo coletado, colaborando para a mitigação dos impactos causados pelo vazamento.

Os resíduos sólidos contaminados com óleo, depois de receberem tratamento adequado, podem ser utilizados como combustível e/ou matéria-prima alternativa nos fornos de cimento das indústrias presentes no Nordeste. Se viabilizado o uso, este material será totalmente destruído, evitando novos impactos ambientais causados por um eventual descarte incorreto.

Coprocessamento

O uso dos resíduos sólidos contaminados com óleo na produção do cimento se dá por meio da tecnologia do coprocessamento, utilizada para substituir os combustíveis fósseis – como coque de petróleo e carvão mineral – na geração de energia térmica para a fabricação de cimento.

O processo aproveita resíduos de diferentes naturezas, como de atividades agrícolas, industriais e urbanos em substituição a estas matérias-primas não renováveis para a geração de energia, colaborando ativamente para a redução de passivos ambientais e contribuindo para a preservação de recursos naturais, além da diminuição dos gases de efeito estufa. Nos últimos quinze anos, foram coprocessadas cerca de 13 milhões de toneladas de resíduos nas fábricas de cimento do Brasil.

Assista à reportagem do Jornal Nacional (vídeo)

 

Leia abaixo a íntegra da matéria do Jornal Nacional (texto)

No Ceará, petróleo que causa estrago no litoral é reaproveitado no sertão

Por Jornal Nacional
28/10/2019 20h54

Duzentos quilômetros separam as praias de Fortaleza de uma indústria em Quixeré. A fábrica de cimento (Apodi) está recebendo todo o óleo retirado das praias no Ceará. Quatro toneladas até agora. Quando chega o material, ele é misturado a outros tipos de resíduos industriais que alimentam o forno da fábrica. Serve como um combustível alternativo e vai ser completamente consumido pelo calor de até 2 mil graus, sem deixar resíduos.

“Quando a gente percebeu que esse óleo estava chegando às praias do nordeste e isso é, de uma certa forma, um combustível alternativo; nós contatamos os órgãos ambientais, não somente do Ceará, mas também do Rio Grande do Norte e Pernambuco e nós oferecemos pra fazer o coprocessamento desse material que basicamente é a substituição da nossa matriz energética por esse óleo que estava sendo coletado nas praias da região Nordeste”, conta Marco Aurélio da Silva, gerente de produção.

A iniciativa da indústria do Ceará pode ser repetida em outras 35 fábricas de cimento do país, licenciadas para este tipo de produção. “É a solução ambientalmente correta: evita que esse óleo vá para lixões, para aterros, para incineradores, que causaria outros problemas pra natureza”, destaca João Butkus, diretor industrial.

Os animais são os que mais sofrem com o problema. Das 12 tartarugas encontradas com óleo no Ceará, só uma sobreviveu. Além da limpeza, a Lolô passou por um tratamento veterinário à base de medicação. Esse tratamento terminou na semana passada, ou seja, ela está em alta. Mas, por enquanto, vai ter que continuar em um tanque recebendo alimentação e não pode ser devolvida à praia enquanto a mancha de óleo continuar sendo uma ameaça ao litoral nordestino.

“Para gente evitar o risco desse animal se deparar com uma nova mancha de óleo se ele for solto. Então a gente vai ter que aguardar mais um tempo até a situação ser estabilizada e destinar ela pra soltura”, conta Vitor Luiz Carvalho, veterinário.

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