Pavimento de concreto para vias urbanas: a hora é agora
Alexsander Maschio, gerente regional da ABCP Sul: pavimento rígido tem custo menor que o asfalto em função das altas sucessivas do petróleo (Foto: Cia de Cimento Itambé)
O Brasil é um dos países latino-americanos que menos usa o pavimento de concreto em suas rodovias e na malha urbana das cidades. Dentro do seminário internacional de pavimentação urbana em concreto, realizado no Concrete Show 2019, um grupo de especialistas procurou mostrar as vantagens do material e o quanto ele já é competitivo em relação ao asfalto. Ao fim dos dois dias de debates e palestras, os que acompanharam o evento saíram com a sensação unânime de que a hora é agora para reverter o domínio do asfalto e passar a utilizar o concreto em vias urbanas.
Emissões
Além de todas as vantagens ambientais do pavimento rígido – entre elas, a menor emissão de CO2 – o engenheiro civil Alexsander Maschio, gerente regional da ABCP Sul, revela as razões que tornam o concreto competitivo. “Tem duas variáveis que são muito importantes. A primeira é econômica. Hoje existe um cenário de elevação de preço do asfalto, principalmente de dois anos para cá. Estudo da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) mostra que o custo do asfalto subiu mais de 100% desde 2017. Já o cimento tem mantido o preço estável, o que ajuda o pavimento rígido a se tornar competitivo em relação ao pavimento flexível”, diz.
Palestrantes no Seminário sobre pavimentação rígida, no Concrete Show (Foto: Cia. de Cimento Itambé
A segunda variável, explica Alexsander Maschio, é que as metodologias novas permitem um pavimento urbano de concreto mais esbelto. “Em vez de espessuras muito grandes já se trabalha com espessuras menores, usando tecnologias consagradas em todo o mundo. Com isso, o custo inicial do pavimento rígido urbano torna-se de 15% a 30% mais barato que o asfalto. No longo prazo, esse valor chega a mais de 50%, em alguns casos”, destaca.
Argentina: tradição
Em sua palestra sobre a experiência latino-americana em pavimentos urbanos de concreto, o presidente da Federación Iberoamericana del Hormigón Premezclado (FICEM), Diego Jaramillo Porto, citou que a Argentina, principalmente em Buenos Aires e nos municípios no entorno da cidade, é a que tem a maior quilometragem em pavimento rígido urbano do continente. A região usa a tecnologia em 51% de sua malha. Depois vem a Colômbia, com 30% de suas ruas e avenidas revestidas por concreto. No Brasil, a situação é inversa. “Curitiba, que é uma das capitais que mais usa pavimento rígido urbano, não chega nem a 2% da malha. Temos muito a crescer no país e as perspectivas são muito positivas”, cita Alexsander Maschio.
A Argentina conseguiu construir sua malha em pavimento rígido urbano ao longo de 60 anos, entre 1927 e 1987. “Nesse período, os metros quadrados de pavimentação em concreto cresceram exponencialmente. Depois houve uma redução drástica, entre 1987 e 2017, mas agora o país volta a investir na tecnologia. Isso ocorreu com base em pesquisas de opinião pública, onde 80% dos usuários do pavimento rígido urbano disseram estar muito satisfeitos. Houve também investimento em corredores de BRT (Bus Rapid Transit), que em Buenos Aires é chamado de Metrobus. Foi o que fez o pavimento de concreto predominar em nossa região”, revela Diego Calo, coordenador do departamento técnico de pavimento do Instituto del Cemento Portland Argentino (ICPA).
Fonte: site Massa Cinzenta.
Matéria do jornalista Altair Santos (MTB 2330)
Reportagem com base nas palestras do Seminário Internacional de Ppavimentação Urbana, promovido pela ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) e pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) dentro do Concrete Show 2019.