Redução na emissão de CO2 é sinônimo de competitividade na indústria global do cimento
Coordenador de Sustentabilidade da Votorantim Cimentos
Olhe agora à sua volta e perceba como o cimento faz parte da sua vida. Ele está nas paredes das escolas, casas e hospitais. Nas pontes, prédios, portos e rodovias. No campo e nas cidades. Em todo lugar. Cimento é sinônimo de resistência, durabilidade, conforto, qualidade de vida e desenvolvimento. Mas, como qualquer coisa produzida pelo homem, tem os seus impactos.
A emissão de gases do efeito estufa pela indústria cimenteira responde, em escala global, por cerca de 7% de todo o CO2 emitido no planeta. No Brasil, esse índice é bem menor, algo em torno de 2,6%, devido a uma série de ações de sustentabilidade implementadas ao longo dos últimos anos pela Indústria. Estamos comprometidos em reduzir as emissões e sabemos como chegar lá. Sob a orientação do Roadmap Tecnológico do Cimento, apresentamos diferentes alternativas de curto, médio e longo prazos para a descarbonização do setor.
Somando todas as iniciativas, a indústria do cimento será capaz de mitigar as emissões em cerca de 35% até 2050 e, assim, contribuir fortemente com os esforços para manter o aquecimento global sob controle e para o atingimento das metas do acordo de Paris. Líderes no mercado nacional e um dos maiores players do mundo, nós, da Votorantim Cimentos, buscamos cada vez mais soluções sustentáveis. E não é de hoje.
Nossa meta é reduzir em 25% o CO2 emitido na fabricação do cimento até 2020, em relação ao ano-base 1990. Em 2018, no Brasil, atingimos o índice de 18,6% de redução de emissões de CO2. Outro importante avanço foi o reconhecimento inédito da nossa liderança e transparência na gestão em Mudanças Climáticas no ciclo de reporte 2018 do CDP (Carbon Disclosure Project). Fomos a indústria cimenteira melhor avaliada no Brasil na categoria Clima, compondo também o grupo das três melhores no mundo.
O custo pela geração de CO2
O tema emissão de CO2 é extremamente estratégico para a Votorantim Cimentos. Atualmente, trabalhamos com um preço interno de CO2 na atratividade dos nossos investimentos. No Brasil, o custo da tonelada CO2 ainda não está definido oficialmente, mas consideramos este fator em nosso planejamento. Essa conta precisa ser considerada para garantir que nossos investimentos continuem competitivos em um cenário futuro no qual as emissões de CO2 possam, eventualmente, representar um novo custo.
Hoje, vemos como oportunidade a substituição do clínquer, principal matéria-prima do cimento, por fontes alternativas de suprimento. Nosso objetivo é substituir o clínquer em até 50% até 2050. Ainda assim, vamos precisar avançar muito mais, com foco no Acordo de Paris.
Já o coprocessamento, substituição do coque de petróleo por combustíveis alternativos, é uma tecnologia que se mostra uma ótima alternativa para reduzir a nossa pegada de carbono. Por isso, vale detalhar um pouco os benefícios ambientais desta solução, amplamente utilizada na Europa e implantada pioneiramente no Brasil pela Votorantim Cimentos. Aliás, não só benefícios ambientais, mas também vantagens econômicas e sociais. Quase 30 anos atrás, começamos a coprocessar pneus inservíveis em uma fábrica no Paraná. O material deixava de ser um passivo ambiental e assumia uma posição nobre. Em vez de ir para aterros, lixões ou ficar exposto como abrigo das larvas do mosquito da dengue, passou a ser usado como combustível em nossos fornos, virando energia e ajudando a reduzir a demanda pelo derivado fóssil. Não sobram nem cinzas, simplesmente porque elas são incorporadas ao cimento com comprometimento zero na qualidade final do produto.
Evolução em combustíveis alternativos
Atualmente, são 14 fábricas da Votorantim Cimentos fazendo coprocessamento ou que possuem licença para operar com combustíveis alternativos. Além de pneus e outros resíduos industriais, hoje utilizamos também diferentes tipos de biomassas, como casca de arroz, cavacos de madeira, coco babaçu, serragem e caroço do açaí. Nessa cadeia de geração de valor compartilhado, envolvemos produtores de babaçu e açaí de comunidades próximas às fábricas, impactando positivamente no desenvolvimento local e contribuindo para aumentar a renda familiar.
Também no ano passado, demos um salto importante no nosso projeto CDR (Combustível Derivado de Resíduo), iniciando um programa inédito na indústria de cimento nacional: o coprocessamento, pós-reciclagem, de parte do resíduo coletado nas cidades paulistas de Piracicaba e Sorocaba. Ao todo foram 854 mil toneladas de resíduos e biomassa coprocessadas ao longo de 2018, o que significa uma redução de 521 mil toneladas de emissões de CO2, evitando a importação e consumo de 195 mil toneladas de coque de petróleo.
E assim vamos nos aproximando da meta de reduzir em 25% o CO2 emitido na fabricação do cimento até 2020. Sem dúvida, sabemos que precisamos avançar mais. É de olho na construção de um futuro mais sustentável que diversas iniciativas para a captura e sequestro de carbono estão em curso na empresa. Uma delas é realizada na St. Marys Cement, a nossa fábrica no Canadá. Trata-se de uma biorrefinaria de algas que utiliza um fotobiorreator de 25 mil litros para reciclar CO2 e outras emissões industriais por meio de fotossíntese. As emissões da chaminé dos fornos da fábrica são canalizadas para o fotobiorreator, no qual algas de crescimento rápido consomem os gases, absorvendo cerca de duas toneladas de CO2 para cada tonelada de biomassa que produzem. Essa biomassa pode ser aproveitada como matéria-prima para a produção de ração animal e fertilizantes ou como fonte de energia para fornos industriais.
A economia verde e a indústria de baixo carbono são o futuro. Nós, da Votorantim Cimentos, temos investido e nos esforçado, em todas as direções, para que estejamos preparados o mais rápido possível para essa nova realidade.