Venda de cimento no país registra alta no primeiro semestre
A indústria do cimento fechou os primeiros seis meses do ano com desempenho positivo. A comercialização do insumo no País somou 32 milhões de toneladas, uma alta de 3,5 % em relação ao igual período de 2024.
O mês de junho atingiu 5,4 milhões de toneladas de vendas, registrando um recuo de 1,7% se comparado ao mesmo mês do ano anterior. Ao se analisar o despacho de cimento por dia útil, de 244,8 mil toneladas, há um crescimento de 0,5% sobre junho do ano passado e de 5,0% em relação ao primeiro semestre de 2024.
Os principais indutores do consumo de cimento permanecem sendo o setor imobiliário e o mercado de trabalho. Os lançamentos seguiram em expansão, impulsionados pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). No primeiro trimestre, o MCMV respondeu por mais da metade dos imóveis residenciais lançados e apresentou alta de 40,9% nas vendas em comparação ao mesmo período de 2024. A nova faixa do programa trouxe nova perspectiva para o setor de edificações e elevou a confiança da construção.
Entretanto, a escassez de mão de obra qualificada, a crescente utilização do programa de habitação do governo para aquisição de imóveis usados e as dificuldades do acesso ao crédito que a alta taxa de juros impõe permanecem como os principais desafios do setor imobiliário. A elevação dos custos compromete a viabilidade de projetos, afetam o equilíbrio financeiro das obras e dificultam o planejamento de novos empreendimentos.
O mercado de trabalho continua aquecido e surpreende positivamente com a manutenção de um nível baixo do desemprego, os recordes do número de empregados com carteira assinada e a massa de rendimento.
Todavia, as perspectivas futuras se mostram mais modestas. Há um cenário de incertezas em relação à economia do país, incluindo o endividamento, a inadimplência das famílias e a Selic em patamares elevados (15%), além de uma menor confiança do consumidor, que cedeu em junho.
A mesma percepção mais pessimista foi identificada na confiança da indústria, que apresentou em junho sua maior queda no ano. Apesar da melhora dos estoques, percebe-se uma demanda mais fraca, indicando uma desaceleração da atividade e aumento da incerteza, que aliado com a política econômica contracionista pode significar um cenário de maior dificuldade para o segundo semestre.
No cenário externo, a instabilidade da economia global traz uma preocupação em relação ao aumento de custos de produção do cimento, principalmente do coque de petróleo, matéria-prima essencial na geração de energia no processo produtivo.
Para minimizar os impactos ambientais e a pressão dos preços do insumo, o uso de combustíveis alternativos nunca foi tão necessário. Nesse sentido, o setor cimenteiro tem investido fortemente em tecnologias como o coprocessamento. A atividade responsável pela transição energética substitui o combustível fóssil por resíduo industrial, comercial, doméstico e biomassas.
O coprocessamento atingiu sua melhor marca em 2023 (última medição realizada), antecipando a meta prevista em três anos. Foram 3,25 milhões de toneladas de resíduos coprocessados. A tecnologia evitou a emissão de aproximadamente 3,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera em relação aos métodos mais tradicionais de produção.
Em um momento em que a crise climática se aprofunda, a urgência de ações se torna mais necessária do que nunca, em especial no ano em que o Brasil será o centro das atenções na agenda ambiental ao sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP30.
A indústria brasileira do cimento está à frente dos debates do Plano Clima, que será apresentado na COP30 como uma das referências globais pela baixa emissão no seu processo produtivo, fruto de investimentos, majoritariamente ao longo das últimas duas décadas, em matérias-primas (adições) e combustíveis alternativos (coprocessamento), bem como na melhoria da sua eficiência energética.
O setor está trabalhando junto ao governo na elaboração de metas setoriais contemplando tanto a descarbonização industrial quanto o crescimento econômico do setor, para atender à demanda de infraestrutura e habitação, essenciais para o desenvolvimento socioeconômico do país. Prossegue ainda na atualização do Roadmap da Indústria do Cimento, buscando a neutralidade de suas emissões.
Ainda na esfera federal, a indústria participa ativamente da Missão 5 da Nova Indústria Brasil (NIB), cujas diretrizes contemplam Descarbonização, Transição Energética e Bioeconomia. Atuando junto com a indústria de base, o setor vem apresentando uma série de medidas necessárias para acelerar a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE). Isso sem deixar de citar o importante processo de regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões – Mercado de Carbono, que também contou com a articulação da indústria brasileira do cimento.