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09/11/2020IMPRENSA, Noticias, São Paulo

Vendas de cimento em outubro seguem em alta

As vendas de cimento em outubro seguiram em curva ascendente em linha com as previsões mais recentes do setor. A continuidade das reformas (autoconstrução), das obras e o aumento dos lançamentos imobiliários são as principais razões para a manutenção do bom desempenho e da confiança do empreendedor.

Hoje, a construção residencial, comercial e as reformas que compreendem estes dois setores, correspondem por cerca de 80% do consumo no país e alavancaram as vendas do insumo no mercado interno atingindo 6,0 milhões de toneladas, um crescimento de 14,5% em relação ao mesmo mês de 2019. No acumulado do ano (janeiro a outubro), os números também foram positivos, alcançando 50,5 milhões de toneladas, aumento de 10,1% comparado ao mesmo período do ano passado. Ao se analisar a venda de cimento por dia útil de 253,4mil toneladas em outubro, registrando um leve crescimento de 0,1% sobre setembro deste ano e de 19,4% em relação a outubro de 2019.

Apesar de indicar uma possível estabilidade nas vendas, as reformas continuam em alta, conforme demonstram indicadores de vendas de lojas de materiais de construção. O outro vetor é o crescimento nas vendas, nos lançamentos imobiliários e a continuidade das obras,  assegurando o fornecimento do cimento para o mercado.

Mesmo com uma crise que assola diversos segmentos da economia, o mercado imobiliário vive um de seus melhores períodos desde 2014, ano do início da crise da construção civil. Com a queda da taxa de juros, no menor patamar histórico, a simplificação e desburocratização e novas linhas de crédito para comprar um imóvel ficou mais atrativo. Os brasileiros que podem buscam imóveis maiores e estão dispostos a se afastar dos escritórios graças à opção do trabalho remoto.

Acreditamos que o bom desempenho do setor deve continuar, mas a médio prazo ainda contamos com um horizonte de incertezas. O aumento das vendas de imóveis residenciais em patamares surpreendentes sustenta o desempenho do setor de cimento, mas impõe cautela para o futuro. É fundamental que haja geração de renda e emprego, a continuidade dos lançamentos imobiliários, a manutenção do ritmo das obras e da atividade econômica que manterão o fôlego do autoconstrutor e a confiança do empreendedor. Por outro lado, a infraestrutura continua sendo uma atividade de extrema importância para a indústria do cimento, mas ainda permanece com uma performance abaixo do necessário.

Paulo Camillo Penna –Presidente do SNIC

Perspectivas – Correndo atrás do prejuízo

O melhor desempenho da região Nordeste em relação às demais (crescimento de 14,9% no acumulado do ano) pode ser entendido como um reflexo do programa de auxílio emergencial. Segundo estudos, 44% da população do Nordeste vivia com menos de R$ 420,00 (aproximadamente o valor da linha de pobreza, segundo o Banco Mundial) por mês. Portanto, o valor inicial do auxílio emergencial superou a renda mensal de boa parte da população dessa região, ampliando seu poder de compra.

Apesar dos números positivos registrados nos últimos meses, o setor ainda sofre as consequências da forte crise entre 2015 e 2018, que provocou a perda de quase 30% da demanda, o fechamento de 20 fábricas e dezenas de fornos, provocando uma capacidade ociosa acima dos 45% e que ainda está longe de ser recuperada, configurando uma severa queima de capital. Ademais, o setor vem sofrendo desde então forte pressão de custos de energia elétrica, câmbio, energia térmica e outros insumos, além de um enorme custo de capital investido.

A recuperação do mercado imobiliário brasileiro começou, de fato, no fim do primeiro semestre, com os imóveis destinados à população de baixa renda, o que inclui programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida e o recém-lançado Casa Verde e Amarela. Aproximadamente 75% dos imóveis vendidos foram destinados ao segmento de menor poder aquisitivo.

O ponto de atenção continua sendo a morosidade do ritmo das reformas – com ênfase para a tributária – que não vem tendo a dinâmica desejada e é fundamental para a simplificação e atração de investimentos em habitação, rodovias, portos, saneamento, entre outros tantos que são fundamentais para o desenvolvimento econômico do país.

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