Vendas de cimento mantêm crescimento em setembro
Em setembro, as vendas de cimento se mantiveram em alta, em linha com as previsões mais recentes do setor, apontando a autoconstrução e a continuidade das obras do setor imobiliário como os principais vetores de consumo do produto.
O volume de vendas de cimento em setembro totalizou 5,8 milhões de toneladas, um crescimento de 21,4% em relação ao mesmo mês de 2019. No acumulado do ano (janeiro a setembro), os números também foram positivos, alcançando 44,6 milhões de toneladas, aumento de 9,4% comparado ao mesmo período do ano passado. Ao se analisar a venda do insumo por dia útil no período, de 250,5 mil toneladas, a curva também é crescente, com aumento de 2,5% sobre agosto deste ano e de 18,5% em relação a setembro de 2019.
Independente do uso do auxílio emergencial na compra direta de insumos da construção – cimento incluso – ou nos efeitos que tem na movimentação da atividade econômica, é inegável a alavanca desta ação governamental beneficiando a construção civil.
Apesar da redução dos números da pandemia e a retomada da maioria das atividades, o fato de as pessoas ainda permanecerem mais em casa mantém os investimentos em melhorias e reformas em seus lares. Pesquisas demostram que no período da pandemia (março/setembro 2020) as lojas de materiais de construção tiveram um aumento de vendas na ordem de 15%.
“Os resultados são surpreendentes até o momento, mas que não nos dão segurança a longo prazo. As vendas estão sendo sustentadas, em sua grande maioria, pelas construções imobiliárias, a manutenção do ritmo das obras e das pequenas reformas residenciais e ainda na atividade comercial, que já apresenta declínio de consumo em razão do seu funcionamento. Registramos a regularidade do fornecimento de cimento, ainda que a atividade venha sendo submetida a uma enorme e inesperada pressão de demanda, principalmente a partir do mês de junho. É fundamental que os investimentos em saneamento e a retomada das obras de infraestrutura, atividades de extrema importância para a indústria do cimento, saiam do papel e integrem de vez a esperada agenda de crescimento do país”
Paulo Camillo Penna – Presidente do SNIC
Saneamento e infraestrutura
Apesar dos números positivos registrados nos últimos meses, o setor ainda sofre as consequências da forte crise entre 2015 e 2018 e a pressão de custos de energia elétrica, energia térmica, frete e outros insumos do processo produtivo do cimento.
O ponto de atenção continua sendo a ausência, em curto prazo, dos empreendimentos de infraestrutura, lançamentos imobiliários que se efetivem em obras e o comportamento da autoconstrução, principalmente por conta da tendência crescente dos índices de desemprego da economia e o esgotamento dos recursos pessoais destinados às reformas.
Há uma grande expectativa do início das obras de saneamento após a aprovação do novo marco legal do setor (lei nº 14.026/2020), que prevê investimentos de até R$ 700 bilhões – parte desses expressivos aportes serão em obras, que demandarão agregados, cimento, entre outros. Exemplo disto é o resultado da recente concessão dos serviços de água e esgoto da região Metropolitana de Maceió, na ordem de R$ 4,6 bilhões em investimentos e outorga.
A indústria do cimento é responsável por mais de 70 mil empregos, gera uma renda de R$ 26,4 bilhões ao ano e uma arrecadação líquida anual de R$ 3 bilhões em tributos. É um setor muito sensível ao cenário macroeconômico e aos estímulos governamentais. Por isso, a indústria do cimento aguarda com ansiedade a retomada do novo projeto habitacional do governo, “Casa Verde Amarela”, que deverá alavancar com mais força o mercado imobiliário; a retomada de importantes obras de infraestrutura e projetos subsequentes à aprovação do novo marco legal do saneamento.