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13/10/2025Posts ABCP-SNIC (pt-en-es), IMPRENSA

Vendas de cimento têm alta em setembro

A indústria brasileira de cimento encerrou o terceiro trimestre de 2025 registrando uma comercialização de 6,1 milhões de toneladas em setembro, uma alta de 4,6% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado do ano (janeiro a setembro), os números foram positivos, alcançando 50,3 milhões de toneladas, aumento de 3,0% comparado a igual período do ano passado.

A venda por dia útil, um indicador-chave de performance, registrou 252,8 mil toneladas, uma queda de 1,9% ante setembro de 2024, porém no acumulado dos nove primeiros meses verifica-se uma alta de 3,7%.

O resultado do setor foi marcado pela dualidade entre o mercado de trabalho ainda aquecido e o impacto de juros altos, inadimplência e endividamento elevados.

A taxa de desemprego atingiu o menor patamar (5,6% no trimestre encerrado em agosto), com recorde nas séries históricas da população ocupada, empregos formais e massa salarial (alta de 1,4%).

A confiança do consumidor atingiu o maior nível desde dezembro/24, impulsionada pelo emprego e pelo arrefecimento da inflação. No entanto, o aumento da informalidade e os altos patamares de endividamento (48,57% em julho/25) e inadimplência (78,2 milhões de indivíduos, ou 47,93% dos brasileiros) representam um limitador para a demanda, disputando a renda das famílias — inclusive com a crescente popularidade das bets.

O impacto da incerteza macroeconômica é sentido na construção, que ficou mais pessimista no terceiro trimestre, determinada pela queda de confiança nos segmentos de Preparação de Terrenos e Obras de Acabamento e pela menor demanda na contratação de serviços.

A Selic elevada intensifica a concorrência dos ativos financeiros frente aos ativos imobiliários. Essa restrição de crédito se reflete na atividade do setor da construção: os lançamentos caíram 6,8% no segundo trimestre do ano, com a retração ainda mais acentuada no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que registrou queda de 15,5% no mesmo período. Como resultado direto, o número de unidades financiadas pelo SBPE para construção caiu 55,4% no acumulado até agosto/25 em relação a 2024.

A retração também se manifesta nas vendas de materiais, que tiveram queda em agosto/25 e na revisão da projeção de crescimento para o fechamento do ano de 2,8% para 1,8%. O ajuste é reflexo da manutenção dos juros básicos da economia (Selic em 15%) em patamares elevados, o que impacta o varejo e as obras de reforma e autoconstrução. As expectativas de inflação para o ano reforçam a necessidade de manter a Selic em nível restritivo, limitando o impulso da economia e, consequentemente, as perspectivas de demanda.

A desaceleração da atividade econômica no segundo semestre também foi evidenciada na confiança da indústria, que ficou estável em setembro, após três meses de piora.

Diante deste cenário de incerteza, a indústria do cimento permanece focada em alavancar a demanda via habitação e infraestrutura. A projeção atual, no cenário de referência, aponta para um crescimento do consumo do produto de 2,0% no ano de 2025.

Na esfera da habitação, há uma expectativa de que a expansão e atualização das faixas de renda do MCMV elevem a meta do governo, estimada em 2 milhões de unidades entre 2023 e 2026. Essa projeção deve incrementar o consumo de cimento entre 2,5 e 3 milhões de toneladas por ano no período, avanço fundamental para mitigar o déficit habitacional de 6 milhões de unidades.

Adicionalmente, o novo modelo de crédito imobiliário e o programa de reforma de moradias do governo deverá injetar ao menos R$ 20 bilhões no mercado imobiliário, visando sustentar o crescimento dos financiamentos em um cenário de escassez de funding da caderneta de poupança.

Em referência à infraestrutura, o saneamento continua atraindo investimentos. Na frente de rodovias, o pavimento de concreto segue avançando como solução de maior durabilidade, mais sustentável e alinhada com as diretrizes de descarbonização do Ministério dos Transportes.

O Brasil, dono da quarta maior malha rodoviária do mundo, tem apenas 12,4% dessas vias pavimentadas, ressaltando a urgência do investimento em soluções de qualidade superior. Ademais, estados brasileiros como Paraná, Santa Catarina, Goiás e o Distrito Federal têm se notabilizado por fortes investimentos em pavimentação com uso de concreto. Essa solução tem sido replicada nas ruas e avenidas de cerca de 200 municípios brasileiros, destacando atributos como redução das ilhas de calor e maior luminosidade, entre outros.

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