Whitetopping – Praticidade e economia na recuperação de rodovias
A qualidade das estradas brasileiras é constantemente apontada como um dos maiores entraves ao crescimento do país. O escoamento da produção, o transporte de mercadorias e pessoas nas longas distâncias do território brasileiro são dificultados por buracos, ausência de acostamento e pavimentação inadequada. Os dados são preocupantes. De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), de um total de 1,7 milhão de quilômetros de extensão da rede rodoviária nacional, pouco mais de 165 mil quilômetros são pavimentados, sendo que 24% se encontram em péssimo estado de conservação.
A Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, que se dedica ao estudo tecnológico de sistemas construtivos à base de cimento duráveis, recomenda a adoção do pavimento de concreto nas rodovias e corredores de ônibus com tráfego intenso, como a melhor solução em longo prazo para as barreiras impostas à economia e infraestrutura do país.
Bons exemplos, como a BR 101 N/NE no trecho entre os Estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba, o Rodoanel de São Paulo e a Via Expressa em Belo Horizonte, e a BR 290, mais conhecida como Free Way, que compreende o trecho da rodovia de Osório a Porto Alegre, ratificam a aplicação exitosa do pavimento de concreto.
A Free Way guarda, ainda, uma característica que garante maior agilidade na utilização do pavimento de concreto: a técnica denominada Whitetopping, que utiliza o pavimento flexível já existente como base, sem necessidade de sua remoção. Devido à falta de manutenção e tráfego intenso, essa rodovia apresentava problemas estruturais no seu pavimento asfáltico. A escolha do whitetopping promoveu agilidade e redução dos custos de operação e de manutenção, além de garantir a segurança oferecida pelo pavimento de concreto. A mesma tecnologia será utilizada na reforma do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, que tem previsão de início até abril de 2010.
Com a técnica do Whitetopping o pavimento de concreto é aplicado diretamente sobre o pavimento antigo, com ou sem camadas de nivelamento, usando procedimentos técnicos de projeto e construção dos pavimentos rígidos. Geralmente essa tecnologia exige pouca reparação do pavimento existente antes de sua colocação. Neste caso, o pavimento de concreto é aplicado sobre o pavimento flexível com a superfície deteriorada, seja em estradas, portos, aeroportos, avenidas e corredores de ônibus, por exemplo.
Diferenciais – Entre as vantagens do uso do whitetopping, se destacam as seguintes:
- Aplicado diretamente sobre o pavimento asfáltico existente
- Requer preparação apenas da superfície em estágios avançados de degradação
- Aplicação favorecida no caso de restrições orçamentárias e tráfego pesado
- Usa concreto comum, sem armaduras
- Evita a reflexão de trincas
- Aumenta a segurança de rolamento
- Substitui com vantagem a construção “por etapas”
- Amplia a vida útil e a capacidade de carga dos pavimentos
- A preparação da superfície deteriorada é mínima, reparando principalmente “panelas” existentes ou fresando a superfície (no caso de existência de trilhas de roda consideráveis)
- Vida útil acima de 30 anos
- Como todo pavimento de concreto, economiza energia elétrica de iluminação e combustível
Procedimento de execução
- Avaliação das condições em que se encontra o pavimento flexível
- Ensaios da condição de suporte de carga do pavimento existente, a ser recuperado
- Preparação da superfície, se requerida, tapando os buracos (“panelas”) existentes e fresando as regiões que apresentem grandes deformações, como trilhas de rodas excessivas
- Com a superfície pronta para ser reabilitada, o concreto deve ser dosado e monitorado para atender as exigências do projeto
- O concreto deve ser aplicado e adensado sobre a superfície previamente lavada com água limpa, com a utilização de pavimentadora de fôrmas deslizantes
- Imediatamente após a concretagem deve-se fazer o ranhuramento da superfície, bem como a aplicação do produto de cura química
- Por fim deve-se serrar e selar as juntas.
Passo a passo do sistema
1 – Fresagem do asfalto – Fresagem executada em pontos localizados, geralmente para concordar o greide final da pista de concreto.
2 – Instalação do Sistema de Referência – Dois cabos de aço nas laterais ao equipamento; quatro sensores (dois de cada lado).
3 – Lançamento do concreto dosado e pré-misturado em usina – Utilização de caminhões basculantes.
4 – Lançamento do concreto – Em função da largura da pista, pode ser utilisada uma escavadeira hidráulica na frente da pavimentadora.
5 – Barras de transferência – Colocação
6 – Espalhamento e Vibração do Concreto
7 – Colocação das barras de ligação
8 – Acabamento – Desempenho mecânico
9- Acabamento – Desempenho mecânico com Auto float SP 500 e Float Pan CMI SF 3004
10 – Texturização manual ou mecânica
11 – Cura química – Manual ou Mecânica
12 – Serragem das juntas
13 – Selagem das juntas
14 – Juntas de construção – São executadas manualmente. Devem ser tomados cuidados no nivelamento da fôrma.
Rumo à 2014
As requalificações urbanas, necessárias aos jogos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, evidenciam a importância do uso de sistemas construtivos mais racionais, como o whitetopping. Na opinião do gerente da Regional Minas da ABCP, Lincoln Raydan, a busca por soluções práticas e com custo competitivo deve ser a primeira escolha dos governantes nos próximos anos. “Casos como a instalação de pistas exclusivas para ônibus são um bom exemplo. Em muitas capitais, como Belo Horizonte, São Paulo e Curitiba, onde será implantado o sistema de BRTs (Bus Rapid Transit), a escolha adequada deve ser a aplicação do whitetopping, explica Raydan.